O Efeito do Envelhecimento Populacional no Setor de Saúde Brasileiro
Por Dr. Leonardo Salgado –
O Brasil vem apresentando nas últimas décadas um fenômeno de inversão da pirâmide populacional, que ocorre de uma maneira muita rápida devido ao aumento de expectativa de vida da população associado a uma queda no índice de natalidade. Este fenômeno provoca impactos em setores como economia, previdência e saúde. Enquanto países desenvolvidos como os EUA e países da União Européia levaram mais de um século para fazer esta inversão tendo tempo para acumular riquezas e desenvolver políticas bem definidas para lidar com este envelhecimento populacional, o Brasil deve completar esta inversão, passando de um pais com população jovem a um pais com população idosa em poucas décadas, e ainda mais agravante, sem ter se preparado para esta transição.
Especificamente no setor de saúde, o maior desafio ligado ao envelhecimento populacional é que, junto a isto, temos um aumento exponencial de doenças neurodegenerativas incapacitantes como Doença de Alzheimer e Doença de Parkinson, criando um universo muito grande de pacientes com necessidades de cuidados e com dependência funcional. No Brasil, em 2010, tínhamos 1.033.000 pacientes com demência e este numero deve aumentar em 422% até 2050.
Estes pacientes utilizam ainda mais o sistema de saúde, apresentando uma taxa de internação maior e com períodos mais prolongados do que a população jovem. Consequentemente, ocorre o aumento do consumo de recursos que por falta de planejamento e políticas de saúde já se encontram escassos.
O tempo e os recursos necessários para a construção de leitos hospitalares para atender a demanda imposta pelo envelhecimento populacional nos últimos anos torna esta opção individualmente inviável. Assim, a Atenção Domiciliar surge neste contexto como uma alternativa, oferecendo à saúde destes pacientes uma assistência adequada e de qualidade, realizada com agilidade e com um custo mais justo para as fontes pagadoras.